~ Boyd Rice - The Vessel of God / M. Janeiro - Porto do Graal ~
 
Terra Fria 2005
 

Com uma curta performance na Quinta da Regaleira em Sintra, foi apresentado este livro conjunto através da edição da Terra Fria. O livro com dois autores separados apresenta também a edição em inglês e traduzida, pelo que das 220 páginas, apenas lemos metade.

Boyd Rice, que dispensará apresentações, brinda-nos com um excerto de 3 capítulos de uma pesquisa mais alargada por ele realizada relativa ao tema da “procura do Graal”. Este tema tem dado que falar ultimamente, mas segundo o autor, a sua pesquisa já remonta há várias décadas, tendo B.Rice percorrido locais e falado com personagens, que foram descritas em livros como “Holy Blood, Holy Grail”.

O capítulo introdutório deambula por entre a igreja católica, a sua doutrina e fundações, alertando para a aquisição feita por esta igreja dos simbolismos pagãos, conseguindo deste modo uma aceitação por parte de diferentes grupos com diferentes convicções. Para B. Rice a noção de deuses é uma dualidade, há sempre vários e de diferentes sexos, ou seja, deuses e deusas, tendo o feminino uma grande importância: o sentimento, a maternidade, a origem de tudo, a Terra Mãe. Este aspecto, como decerto estão familiarizados, foi totalmente negligenciado pela igreja católica, onde apenas existe um Deus e onde o feminino é encarado como algo de obscuro e mau. Nesta obra são-nos apresentadas uma série de referências de diferentes ideologias e idade cronológica, onde as fundações assentam no par que governa, o “par divino”, seja no Egipto, ou na Mesopotâmia, ou em qualquer lado da história, em qualquer jardim de deuses e deusas. Com esta noção começa de “demanda do Graal”, onde é contextualizada e contada a sua história. A história do Santo Graal, ou Sangue Real, prende-se com a descendência de Jesus e Maria Madalena. B. Rice vai ao longo das páginas fazendo comparações entre a história de Cristo e a mitologia já existente, incluindo excertos de evangelhos, sempre realçando a origem do que é hoje a igreja católica e as suas influências.

No segundo capítulo – o legado de Lúcifer – a demanda do Graal continua, havendo interesse num seguimento da linhagem das famílias reais europeias e mitologia. É feita uma relação entre nomes de descendentes, o que a bíblia diz, o que aconteceu na civilização egípcia e o que existe na Europa. Há um constante paralelo entre a realidade e o imaginário…é preciso estar atento!

O último capítulo começa na Europa, passa pela Atlântida e termina na Suméria. Mais uma vez B. Rice pretende fazer o paralelismo entre o que hoje usamos como nosso e que existe desde tempos imemoriais, com nomes semelhantes e histórias parecidas.

Parece que a Humanidade não tem grande imaginação, copiamos os acontecimentos, vestimo-los com outros panos e dizemos que estamos a fazer história… apenas a repetimos!

M. de Janeiro começa o seu capítulo com um símbolo – o escudo de D. Afonso Henriques. Com esta introdução, é fácil perceber onde as suas palavras nos vão levar.

Este autor deambula pela temática do Graal, mas com uma contextualização lusitana. Neste trabalho é referida a origem do nosso país com D. Henrique e seu filho, para dar enquadramento à fundação da Ordem de Cristo – os Templários. M. de Janeiro compilou os nomes históricos que presidiram a esta ordem, fazendo uma breve biografia do percurso dos mais relevantes, incluindo também dados históricos que ocorreram durante a sua regência.

Apesar de ultimamente sermos bombardeados com questões sobre os templários, ordens secretas e a linhagem de Cristo, é de referir que este livro tem uma abordagem algo diferente; não é um romance, mas um levantamento que tenta ser preciso, um trabalho quasi jornalístico. Pretende dar informação e o leitor é que decide o que fazer com ela. Tendo como reparo que muito ficou por dizer e que se poderão esperar novos desenvolvimentos… para quando a publicação da obra completa de B. Rice? Um último achego de apreço à Terra Fria. Parabéns pelo trabalho desenvolvido a todos os níveis: musicais e em promoção de eventos e um obrigado por fazer chegar até nós um livro de qualidade e autores conceituados.

Black Lotus