~ Papas Negros ~

por outubro, Membro da APS 

 

É impossível falar sobre a forma como o Satanismo actua nas pessoas sem abordar um dos seus efeitos colaterais mais conhecidos. O advento dos Papas Negros. Megalómanos de mitra e báculo ornado a néon e portefólio multicor, que ciclicamente nos explodem na cara e cujas enormidades, apesar de aparentemente inócuas para alguns de nós, perpetuam o tédio e o desânimo semanas a fio, estimulando bravatas inúteis e malcheirosas. Numa palavra, a estufa ideal para a produção de bolores vários.
Não, não é apenas uma chatice.
Nem é inócuo Estratificação, dir-me-ão. Pois sim. 

São cancros, senhores!

Não duvido que aos demais, um silêncio lento e sulfuroso, se afigure a resposta mais óbvia, consigo até imaginá-los de braços cruzados na sombra, uns divertidos, outros nauseados, à espera que onda passe, mas assusta-me pensar na variedade de situações em que esse silêncio serve de resposta. Os seus múltiplos significados. E finalmente, o fraco resultado que produz em criaturas já de si, demasiado obstinadas em iludir-se para desejar sequer pensar no que isso significa. Grosso modo ressentem-se com a falta de público “à altura” e quanto mais ressentidos maior o débito de abusos…Ora bolas!
Para quando um “biqueiro” decisivo?
É preciso que alguém seja abertamente aviltante ou insultuoso para ser reconhecido como tal?
Observemos o outro lado da questão:
Satanistas não morrem de amor. Quanto mais mortificar-se no exercício de um hobby!
Em suma, esperar contribuições motivadas, num espaço demasiado permeável a exibições de mau gosto é um risco desnecessário.
Nem na infância a mediocridade alheia me enaltecia. Sempre me desgostou profundamente. Não há brilhos relativos. Há indivíduos que se revelam brilhantes e que raramente é possível comparar entre si.
Claro que tudo isto leva o seu tempo.
A consolidação individual produz-se em três fases lentas: Teoria, aproximação e prática.
Estratificação requer tempo, maturação, massas, mas também meia dúzia de pessoas excelentes, que sem pregar seja o que for, se revelem exemplos práticos para quem apenas começou a identificar-se com o que lê.
Duas situações em que a quantidade importa: o número de pessoas necessárias para que a estratificação ACONTEÇA e o número de vezes que cada um de nós se confronta com referências válidas no espaço e no tempo. É isso que, em conjunção com a nossa experiência pessoal nos permite aprofundar significados. Sem isso, os riscos de reunir um bando teóricos aumentam.
O que nem é dramático. Pois não.
Mas cancros dispensam-se igualmente sem drama.
São mortificantes, cansativos e atraem moscas.
Não se vão.
Agarram-se que nem lapas, na ânsia de alimento para o Ego. Eventualmente, vingam e crescem contaminando tudo, com anúncios multicor e tópicos tristes. Reflexamente os restantes “órgãos” deixam de funcionar. Não me perguntem porquê. É a lógica do cancro e não a minha.
E está a acontecer.

outubro

 

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